Tuesday, November 7, 2006

Blogues em Educação

 

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Fotografia: Nicolas Kamm/AFP 2007


Participei como conferencista no 3º Encontro Nacional e 1º Galaico-Português de Weblogs que teve lugar na Reitoria da Universidade do Porto, 13-14 Outubro 2006.

Foi uma experiência interessante! A minha comunicação tinha por tema a aplicação de blogues no ensino em alargamento de aprendizagens e enriquecimento curricular.



O encontro "procurou juntar investigadores, utilizadores e interessados em weblogs em Portugal e na Galiza."

Na temática Aplicações Práticas de Blogues (ensino, organizações, investigação), apresentei um intervenção intitulada  O Blog no enriquecimento curricular- Blog dos Caloiros. 

 Avatar G.Souto

O artigo foi posteriormente publicado na Revista das Ciências da Informação e da Comunicação - CETAC e pode ser lido em Revista Prisma.com

Os blogues são sítios web fáceis de criar e encorajam imenso a interacção autor/leitores.

Podem ser um espaço de ensino interactivo excelente que dá lugar a um diálogo pessoal e colectivo, num espaço de  fresca liberdade.

A diversidade de blogues ligados ao ensino é grande! Pode integrar os blogues dos professores, blogues dos alunos, blogues das disciplinas (Agauded & Baltazar, 2005) e os blogues das escolas.”

Os blogues fornecem um grande potencial como ferramenta no âmbito do ensino e aprendizagem, já que podem adaptar-se a qualquer área, nível educativo e metodologia.*

Utilizo os blogues, nas áreas curriculares de Língua Portuguesa Francês LE  e Cidadania.

Os resultados têm sido excelentes! Os alunos sentem-se atraídos pelas novas tecnologias e nada melhor do que pôr as tecnologias ao serviço da construção de conhecimento.

Os blogues de que sou autora, alguns em colaboração com um grupo de alunos, têm portanto carácter científico-pedagógico e cultural.

Servem de apoio e prolongamento do ensino presencial e dos media tradicionais, complementado por um projecto e-learning Kidzlearn Lugares & Aprendizagens (Janeiro 2002) de que sou também autora, numa perspectiva de alargamento de saberese aquisição de novas competências.

É certo que alguns alunos ainda não têm acesso à Internet e outros preferem ficar 'pendurados' no Messenger, Myspace ou Tagen e agora já no YouTube e Hi5.

Mas, os mais interessados, possuidores de uma rápida capacidade cognitiva e de um ritmo de aprendizagem assaz invulgar, visitam diariamente os  seus blogues para conhecer e participar de novos posts e desvendar novos conceitos.



Levantam dúvidas sobre actividades de reforço curricular ou deixam um comentário, como se se sentissem conectados com a Professora em tempo real. Por vezes, até é! A qualquer hora e em qualquer lugar!

Afinal, foram estes jovens alunos que me motivaram a criar espaços web com actividades em alargamento de competências, enriquecimento curricular um clima de aprendizagem interactiva.

No conjunto, tem sido uma aprendizagem muito apelativa e gratificante, em espaço aberto, dinâmico, apoiado num diálogo informal e muito fresco nesta nova relação professora/alunos.

É sem dúvida a vontade, sempre presente, de cativar uma geração que vive imergida na web que me leva a criar espaços para a descoberta de uma aprendizagem interactiva e em constante mutação.


G-Souto

8.11.2006
Copyright © 2010G-Souto'sBlog, gsouto-digitalteacher.blogspot.com®


Referências:


Andrade, António - Comunidades de Prática,  Uma Perspectiva Sistémica, IQF -Nov@Formação, Nr 5, Junho 2005

Tiscar, Laura, Blogs de alumnos, 08.06.2005


Monday, July 24, 2006

Dos Livros de Pop Singers

 

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Madonna  (novo livro infantil)

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Kylie Minogue (livro infantil)
http://news.sawf.org/



Gostaria - em jeito de partilha - de falar sobre o impacto de figuras ligadas à música, cinema e outros meios de comunicação, no captar os indigos para o gosto pela leitura.

Não, não se assustem! Não vou falar de «Morangos com Açucar»! Isso são outras músicas...


Paul McCartney (livro infantil)

Talvez deva ser mais clara! Pegar em livros escritos por figuras mediáticas como Madonna ou Paul McCartney e agora Kylie Minogue (cantores pop que editaram livros recentemente) e ler curtos excertos, em determinados espaços escolares, nomeadamente nas aulas de Língua Portuguesa, em "Cantos de Leitura", criou novos leitores no meu grupo de indigos.

Com esta pedagogia de leituras diferentes, não catalogadas, tenho formado um boa plêiade de cativados leitores que passaram a fruir do enorme encanto de ouvir ler histórias, de ler com prazer e até de saborear a compra de livros com a sua própria semanada.

Nesta perspectiva mais aberta e dinâmica, não aboli as histórias de encantar. Estas jamais serão ultrapassadas, já que a beleza e o valor imanentes são de difícil equiparação.

Fazem parte do imaginário colectivo da humanidade.

Foi há bem pouco tempo que decorreram as Comemorações do Jubileu do Nascimento de Hans Christian Andersen (1805-2005) e quase todos os países do mundo aderiram às manifestações culturais projectadas pelo governo dinarmarquês e pela Fundação HCA.

A Biblioteca Nacional participou com uma esplêndida exposição sobre Hans Christian Andersen. E nesse espaço virtual, construímos depois em sala de aula momentos encantatórios de leituras.

Com que magia os indigos releram alguns dos seus contos favoritos!

Mas, de modo algum deixaria esquecidas as mais belas histórias que Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu para crianças.

Continuam a fazer parte dos meus itinerários poéticos e pedagógicos e, cada (re)leitura me abre novos caminhos de exploração vivencial que procuro transmitir com emoção.

Evocação belíssima de extasiante imaginação, frondosa e nobre lexicologia, em que os aromas se remisturam de memórias de infância e saberes, abrem um espaço fantástico na criatividade de jovens de várias gerações. Esta é a Sophia que continua a deixar-me extasiada.

São referências fundamentais da literatura infantil e juvenil portuguesa e universal, traduzidas em várias línguas.

Estou, no entanto, perante uma geração diferente: jovens ligados ao futuro, ao imediato, às tecnologias - mp3, Ipod, Myspace ou Tagen.

Uma coisa em comum demonstram! Dificilmente lêem, e juntam a isso um certo desencanto, absorvido pelo consumo rápido e descartável, já que os jogos, Internet, televisão e até muitos dos filmes que procuram, lhes mostram uma realidade demasiado palpável, e tantas vezes cruel.

Trazê-los ao prazer da leitura, aos livros impressos, continua a ser a minha utopia.

Sou uma leitora inabalável, apaixonada, compulsiva e vivo imergida no encanto das histórias contadas pelas páginas aromatizadas de um livro.

Colocados perante o meu enorme gosto de ler, transmitido mesmo sem querer, eis que lhes vou oferecendo outras leituras, a partir de obras criadas por cantores pop e não só! E ei-los devoradores de livros, também!
Ganhei uma batalha linda! Os indigos, tirando raras excepções, já adoram ler!

O meu primeiro passo para lhes cativar esse gosto é perfumar os últimos momentos ou curtas pausas de dispersão, em aulas longas - os conhecidos blocos de 90 minutos - com a leitura de curtos excertos de variados livros. E deixo que fiquem em suspenso...

As minhas primeiras obras alternativas foram "As Rosas Inglesas" - Madonna e "Lá no Cimo das Nuvens" - Paul McCartney, editadas por casas de grande prestígio, como Publicações Dom Quixote e Editorial Presença, respectivamente

Certo é que esta ligação livros/música tem uma enorme influência no imaginário dos meus jovens leitores.
Com aquele brilho quase imperceptível no olhar, vejo-os trazer para as aulas outros livros que vão tentando descobrir - o que acho óptimo! - pois eu só pretendo despertá-los para essa aventura maravilhosa que é ler!

Fazem-no com encantamento e grande alegria espelhada nos rostos. E envolvem-me com gestos soltos, vozes chilreantes:

- Professora, já comprei "O meu primeiro livro Dom Quixote"!
- Fui à biblioteca requisitar "O Príncipezinho" e estou a ler!
- Descobri lá em casa as "Fábulas de La Fontaine". Posso ler?

Os mais indecisos, ainda perguntam:

- Ó Professora! Quero comprar um livro! Tem alguma sugestão?

E lá vou relembrando outras histórias, já que tenho a preocupação de passear frequentemente pelas livrarias, na descoberta de novos livros para lhe poder oferecer como leituras.

Ao mesmo tempo, o meu sorriso rasga-se como um céu pintado de azul indigo.

(texto original, publicado em 05.02.2006)


Nota de rodapé - Levo sempre um livro diferente na pasta e quando começo as aulas, poiso-o distraidamente sobre a mesa, entre os livros e outros documentos. Os indigos, curiosos como só eles, vêm de mansinho espreitar os meus gostos... faço de conta que nem dou por nada!

- Professora! Hoje não lê?! - perguntam em determinado momento.

Os indigos trazem agora, por vezes, um livro e colocam-no muito direitinho em cima da suas mesas.

Ah! Também já se habituaram a distinguir a importância de uma 1ª edição! Não acham uma delícia?!


G-Souto

25. 07.2006
(reescrito)


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