Monday, July 24, 2006

Dos Livros de Pop Singers

 

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Madonna  (novo livro infantil)

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Kylie Minogue (livro infantil)
http://news.sawf.org/



Gostaria - em jeito de partilha - de falar sobre o impacto de figuras ligadas à música, cinema e outros meios de comunicação, no captar os indigos para o gosto pela leitura.

Não, não se assustem! Não vou falar de «Morangos com Açucar»! Isso são outras músicas...


Paul McCartney (livro infantil)

Talvez deva ser mais clara! Pegar em livros escritos por figuras mediáticas como Madonna ou Paul McCartney e agora Kylie Minogue (cantores pop que editaram livros recentemente) e ler curtos excertos, em determinados espaços escolares, nomeadamente nas aulas de Língua Portuguesa, em "Cantos de Leitura", criou novos leitores no meu grupo de indigos.

Com esta pedagogia de leituras diferentes, não catalogadas, tenho formado um boa plêiade de cativados leitores que passaram a fruir do enorme encanto de ouvir ler histórias, de ler com prazer e até de saborear a compra de livros com a sua própria semanada.

Nesta perspectiva mais aberta e dinâmica, não aboli as histórias de encantar. Estas jamais serão ultrapassadas, já que a beleza e o valor imanentes são de difícil equiparação.

Fazem parte do imaginário colectivo da humanidade.

Foi há bem pouco tempo que decorreram as Comemorações do Jubileu do Nascimento de Hans Christian Andersen (1805-2005) e quase todos os países do mundo aderiram às manifestações culturais projectadas pelo governo dinarmarquês e pela Fundação HCA.

A Biblioteca Nacional participou com uma esplêndida exposição sobre Hans Christian Andersen. E nesse espaço virtual, construímos depois em sala de aula momentos encantatórios de leituras.

Com que magia os indigos releram alguns dos seus contos favoritos!

Mas, de modo algum deixaria esquecidas as mais belas histórias que Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu para crianças.

Continuam a fazer parte dos meus itinerários poéticos e pedagógicos e, cada (re)leitura me abre novos caminhos de exploração vivencial que procuro transmitir com emoção.

Evocação belíssima de extasiante imaginação, frondosa e nobre lexicologia, em que os aromas se remisturam de memórias de infância e saberes, abrem um espaço fantástico na criatividade de jovens de várias gerações. Esta é a Sophia que continua a deixar-me extasiada.

São referências fundamentais da literatura infantil e juvenil portuguesa e universal, traduzidas em várias línguas.

Estou, no entanto, perante uma geração diferente: jovens ligados ao futuro, ao imediato, às tecnologias - mp3, Ipod, Myspace ou Tagen.

Uma coisa em comum demonstram! Dificilmente lêem, e juntam a isso um certo desencanto, absorvido pelo consumo rápido e descartável, já que os jogos, Internet, televisão e até muitos dos filmes que procuram, lhes mostram uma realidade demasiado palpável, e tantas vezes cruel.

Trazê-los ao prazer da leitura, aos livros impressos, continua a ser a minha utopia.

Sou uma leitora inabalável, apaixonada, compulsiva e vivo imergida no encanto das histórias contadas pelas páginas aromatizadas de um livro.

Colocados perante o meu enorme gosto de ler, transmitido mesmo sem querer, eis que lhes vou oferecendo outras leituras, a partir de obras criadas por cantores pop e não só! E ei-los devoradores de livros, também!
Ganhei uma batalha linda! Os indigos, tirando raras excepções, já adoram ler!

O meu primeiro passo para lhes cativar esse gosto é perfumar os últimos momentos ou curtas pausas de dispersão, em aulas longas - os conhecidos blocos de 90 minutos - com a leitura de curtos excertos de variados livros. E deixo que fiquem em suspenso...

As minhas primeiras obras alternativas foram "As Rosas Inglesas" - Madonna e "Lá no Cimo das Nuvens" - Paul McCartney, editadas por casas de grande prestígio, como Publicações Dom Quixote e Editorial Presença, respectivamente

Certo é que esta ligação livros/música tem uma enorme influência no imaginário dos meus jovens leitores.
Com aquele brilho quase imperceptível no olhar, vejo-os trazer para as aulas outros livros que vão tentando descobrir - o que acho óptimo! - pois eu só pretendo despertá-los para essa aventura maravilhosa que é ler!

Fazem-no com encantamento e grande alegria espelhada nos rostos. E envolvem-me com gestos soltos, vozes chilreantes:

- Professora, já comprei "O meu primeiro livro Dom Quixote"!
- Fui à biblioteca requisitar "O Príncipezinho" e estou a ler!
- Descobri lá em casa as "Fábulas de La Fontaine". Posso ler?

Os mais indecisos, ainda perguntam:

- Ó Professora! Quero comprar um livro! Tem alguma sugestão?

E lá vou relembrando outras histórias, já que tenho a preocupação de passear frequentemente pelas livrarias, na descoberta de novos livros para lhe poder oferecer como leituras.

Ao mesmo tempo, o meu sorriso rasga-se como um céu pintado de azul indigo.

(texto original, publicado em 05.02.2006)


Nota de rodapé - Levo sempre um livro diferente na pasta e quando começo as aulas, poiso-o distraidamente sobre a mesa, entre os livros e outros documentos. Os indigos, curiosos como só eles, vêm de mansinho espreitar os meus gostos... faço de conta que nem dou por nada!

- Professora! Hoje não lê?! - perguntam em determinado momento.

Os indigos trazem agora, por vezes, um livro e colocam-no muito direitinho em cima da suas mesas.

Ah! Também já se habituaram a distinguir a importância de uma 1ª edição! Não acham uma delícia?!


G-Souto

25. 07.2006
(reescrito)


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